O desemprego voltou a aumentar em Dezembro, quer em termos mensais, quer homólogos, quer ainda face ao mês anterior ao início da epidemia em Portugal.
No final do mês havia 402,2 mil trabalhadores desempregados registados nos centros de emprego do país, crescendo 1% face ao mês anterior, cerca de 30% em relação ao mês homólogo e 27,5% desde o início de Março (mais 86,7 mil desempregados).
Muitos desempregados não se inscrevem no IEFP por não cumprirem o período mínimo de desconto de contribuições necessário para acesso às prestações de desemprego devido à precariedade que grassa no país - com os jovens a serem os mais atingidos -, havendo ainda muitos outros que, por não encontrar as respostas necessárias junto dos serviços de emprego, também não se registam ou desistem de continuar registados.
Outros estão inscritos, mas como se encontram a participar em medidas de emprego e formação profissional1 são classificados como “ocupados”, não sendo contabilizados pelo IEFP como desempregados quando na realidade o são.
O número de ocupados aumentou 26% em termos homólogos e 7% em termos mensais, sendo o seu número elevado (116 no conjunto do país e 109,4 mil no continente) e em crescimento de mês para mês. É assim visível o recurso a estas medidas como forma de amortecer socialmente o desemprego e, no caso do chamado trabalho socialmente necessário (sobretudo Contratos Emprego-Inserção), como forma de suprir tarefas
permanentes nesta altura de pandemia ao invés de contratar estes trabalhadores através do vínculo de trabalho adequado.
Juntando os cerca de 116 mil ocupados ao desemprego registado, o desemprego em sentido amplo apurado a partir dos dados do IEFP ultrapassa as 518 mil pessoas2, mais 2,3% face ao mês anterior e mais 28,7% do que há um ano.
Sem os ocupados o desemprego registado no IEFP no final do mês seria 22,4% mais alto e também mais próximo da realidade3. A principal causa de desemprego é a precariedade. Mais de 56% dos desempregados que inscreveram nos centros de emprego em Dezembro fizeram-nos porque o seu contrato a prazo acabou, uma percentagem mais elevada que em anos anteriores e perto da que se registou logo no início da epidemia no nosso país.