As estimativas mensais do emprego e desemprego de Abril do INE, revelam a persistência de um elevado nível de desemprego, não descendo a taxa oficial abaixo dos 12%. Este problema atinge com especial gravidade os mais jovens, que têm uma taxa de desemprego de perto de 30%. Por seu turno, o emprego não dá mostras de melhoria, encontrando-se a criação de emprego quase estagnada face ao ano passado (aumento de apenas 0,3% face ao mês homólogo).
O aumento do PIB no 1º trimestre do ano (+0,9% face ao trimestre homólogo e +0,2% em termos mensais) não foi suficiente para criar emprego e reduzir o desemprego, que assume já uma dimensão estrutural.
Isto significa que é necessário pôr o país a crescer, o que passa pelo aumento do investimento produtivo para substituir importações e permitir que o aumento do consumo interno – que deve ser impulsionado – se dirija para a produção nacional, diminuindo assim a factura externa. É urgente também libertar o país do garrote da dívida e dirigir os recursos disponíveis para o aumento do investimento público, para a dinamização da economia e para a melhoria dos serviços públicos.
Além de um novo passo que tem que ser dado na política económica para pôr a economia a produzir e satisfazer as necessidades dos portugueses, é necessário também alterar outras componentes do modelo produtivo do país. O modelo actual privilegia as baixas qualificações, os baixos salários e a precariedade dos vínculos laborais, o que tem efeitos devastadores sobre os trabalhadores e as suas famílias.
Segundo dados do Eurostat, os trabalhadores com vínculos precários têm mais do dobro das probabilidades de caírem na pobreza do que os trabalhadores com vínculos estáveis, e os desempregados quatro vezes mais hipóteses de estarem nessa situação do que um trabalhador.
Esta situação é insustentável, sendo urgente apostar por isso também na valorização do trabalho e dos trabalhadores, criando emprego com vínculos estáveis e salários dignos, aumentando as qualificações e as oportunidades de progredir na carreira, respeitando os direitos dos trabalhadores a todos os níveis para que estes possam contribuir para um efectivo desenvolvimento do país e para a melhoria das suas próprias condições de vida.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 31.05.2016