Comemora-se este ano o 40' Aniversário do Congresso de todos os Sindicatos. Realizado em Janeiro de 1977, o Congresso de Todos os Sindicatos tornou-se num elemento agregador de todos quantos se identificavam com os valores de Abril, a unidade na acção e a coesão do Movimento Sindical
A forma livre e solidária como as diversas expressões político-sindicais participaram neste evento, marcado pela fraternidade, combatividade e convicções, assim como o compromisso de futuro que assumiram de consolidar e alargar a influência do Movimento Sindical Unitário no mundo do trabalho e na sociedade portuguesa, teve como consequência o reforço significativo daquela que é a maior organização sindical em Portugal: a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional.
Uma Confederação Sindical de classe, que tem como referência as linhas mestras da Constituição da República Portuguesa e como princípios a unidade, a democracia, a independência, a solidariedade e a luta de massas, indissociáveis da melhoria das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e do aprofundamento da democracia nas suas diversas componentes: política, económica, social e cultural.
No dia 12 de Abril realizou-se o jantar comemorativo do 40' Aniversário do Congresso de todos os Sindicatos, na Casa do Alentejo, em Lisboa, que contou com apresença de ex e actuais dirigentes sindicais e, ainda, com um momento cultural.
O jantar realizou-se num quadro em que se festeja Abril e a Revolução que irradiou esperança e deu mais força aos valores que preconizamos e no momento em que de forma empenhada e militante, construímos o 1º de Maio, como um dia especial de convergência da luta pela valorização do trabalho e dos trabalhadores.
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Intervenção de Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN
Camaradas e amigos,
Antes de mais, em nome deste grande colectivo que é a CGTP-IN, queremos saudar todos quantos há 40 anos e ao longo dos tempos, lutaram pelos direitos dos trabalhadores, pela liberdade, por um país mais justo, soberano e democrático.
Uma luta que tem na CGTP-IN um poderoso e insubstituível instrumento, que une esforços, aglutina vontades, e projecta o futuro.
A nossa central sindical, herdeira da luta de gerações e gerações de trabalhadores, não seria a mesma sem a marca indelével do Congresso de Todos os Sindicatos.
Realizado em Janeiro de 1977, num momento em que a ofensiva contra os direitos mais elementares dos trabalhadores caminhava a par e passo com a tentativa de divisão e enfraquecimento da Intersindical, o Congresso de Todos os Sindicatos tornou-se num elemento agregador de todos quantos se identificavam com os valores de Abril, a unidade na acção e a coesão do Movimento Sindical.
A forma livre e solidária como os delegados participaram neste evento, marcado pela fraternidade, combatividade e convicções, assim como o compromisso de futuro que assumiram de consolidar e alargar a influência do Movimento Sindical Unitário no mundo do trabalho e na sociedade portuguesa, teve como consequência o reforço significativo daquela que é a maior organização sindical em Portugal: a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional.
Um Congresso que unificou e reforçou a estratégia sindical de confronto com o capital e as forças ao seu serviço e afirmou um projecto sindical único, que perdura e dirige a acção da CGTP-IN, a Central Sindical de classe, unitária, democrática, independente e solidária, que tem no sindicalismo de massas a fonte que organiza e mobiliza a força dos trabalhadores para a resposta às suas necessidades e anseios e a transformação da sociedade.
O tempo e a história confirmaram a justeza das medidas adoptadas, do caminhado traçado e do rumo empreendido e demonstraram que nada nem ninguém teve força para partir a espinha à Intersindical. Construída, consolidada e credibilizada por mulheres e homens comunistas, socialistas, bloquistas, independentes, católicos e apoiada por muitos trabalhadores com diferentes opções políticas, a CGTP-IN assume-se como a grande organização dos trabalhadores, razão pela qual só aos interesses destes responde.
Uma Central Sindical que nasceu no tempo da ditadura a lutar pela liberdade e a democracia, que transformou as suas reivindicações em direitos laborais e sociais com a Revolução de Abril, que resistiu e combateu a política de direita, que nunca abdicou nas alturas mais difíceis de defender os direitos inalienáveis dos trabalhadores que esteve sempre na linha da frente com o povo português na luta contra a ingerência estrangeira, pela defesa da soberania nacional.
Não esquecemos e por isso saudamos as sucessivas gerações, comprometidas com este projecto sindical, que ao longo dos tempos não se vergaram, não desistiram, não traíram, não venderam direitos. Foi assim até hoje e estamos convictos que será assim no futuro com as novas gerações, nesta luta de sempre pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, contra as injustiças, as desigualdades e o empobrecimento.
Tal como no passado, também recentemente foi a coragem, a força e a determinação dos trabalhadores que contribuiu decisivamente para tornar possível aquilo que alguns diziam ser impossível: o esvaziamento da base social, política e eleitoral do Governo do PSD/CDS, o seu afastamento do poder e a travagem da poderosa ofensiva que trazia no bojo o assalto a algumas das mais importantes conquistas da Revolução.
Lutámos e avançámos, obrigámos a reposição de direitos e de rendimentos, mas o caminho que temos para andar é longo, está cheio de armadilhas, de pressões, chantagens e ingerências.
Nesta luta entre o trabalho e o capital, sabemos que há muitos e chorudos interesses em jogo. Sabemos que os mesmos que acusaram os trabalhadores e o povo de viver “acima das possibilidades”, não hesitaram a drenar, entre 2008 e 2015, mais de 14 mil milhões de euros em ajudas para o sistema financeiro, dinheiro dos nossos impostos que falta à educação, à saúde, à protecção social, mas nunca falha para acudir aos banqueiros!
Por isso, numa altura em que festejamos Abril e a Revolução que irradiou esperança e deu mais força aos valores que preconizamos e no momento em que de forma empenhada e militante, construímos o 1º de Maio, como um dia especial de convergência da luta pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, consideramos que o momento que vivemos é fulcral para determinar o rumo da mudança de política que se exige e, que implica resposta adequada e atempada aos problemas estruturais com que o país se confronta.
Esta é a hora de passar das palavras aos actos, de rever a legislação laboral da política de direita e da troika, investir no emprego com direitos e uma justa distribuição da riqueza, assumir a contratação colectiva como um instrumento de harmonização social no progresso, renegociar a divida, questionar a UEM e romper com o Tratado Orçamental
Esta é a hora de passar da constatação dos problemas à opção por uma política que ataque as causas que precarizam os vínculos laborais e a vida dos trabalhadores e das suas famílias.
Das palavras aos actos, do diálogo à acção, este é o momento de defender os serviços públicos, investindo na aquisição de material e na contratação de trabalhadores, para responder às necessidades da população. Quando apresentamos propostas e soluções não estamos a “dar um passo maior que a perna”, mas a demonstrar que existem alternativas credíveis para dar resposta às necessidades e anseios do povo e que não aceitamos que o país volte a andar para o lado e para trás, como o caranguejo.
Por isso alertamos o Governo que não se acomode ao poder e aos interesses instalados dos que defendendo menos Estado, melhor Estado, já não sabem viver sem ser à custa do dinheiro dos nossos impostos. Este é o tempo do Governo assumir com coragem e determinação política a resposta às propostas e reivindicações dos sindicatos da CGTP-IN.
Pela nossa parte e no âmbito da preparação do 1º de Maio, vamos intensificar a acção sindical em todos os planos, a começar pelos locais de trabalho, sem descorar a convergência na rua e a intervenção no plano institucional para exigir resposta positiva às reivindicações dos trabalhadores.
Temos propostas, apresentamos alternativas, valorizamos, e consideramos que o novo quadro político potencia a melhoria dos direitos para quem trabalha e trabalhou!
Mas também queremos que fique claro que privilegiando o diálogo e a negociação a CGTP-IN não abdica de nenhuma forma de intervenção, não rejeita o uso de todas as formas de luta ao seu alcance, nem credencia ninguém para negociar em sua representação!
Aos novos desafios com que estamos confrontados, respondemos com mais motivação, convictos que a força das causas, valores e princípios que preconizamos são geradoras de uma luta que não pára pela transformação política, económica e social da sociedade!
Porque é agora, porque este é o nosso tempo, aqui estamos, nesta Central Sindical que se orgulha do seu passado, intervêm activamente no presente e projecta o futuro com a confiança e determinação de quem acredita que é possível construir uma sociedade de progresso e justiça social, uma sociedade sem exploradores nem explorados.
VIVA O CONGRESSO DE TODOS OS SINDICATOS!
VIVA A CGTP-IN!
Lisboa, 12 de Abril de 2017
Arménio Carlos
Secretário-Geral da CGTP-IN