Em Portugal, as mulheres ganham menos que os homens em trabalho igual ou de valor igual, em especial se compararmos os ganhos mensais, ou seja, considerando não só o salário mas também o pagamento por horas suplementares ou extraordinárias, prémios e subsídios regulares, uma vez que os homens tendem a fazer mais trabalho extraordinário e a alcançar mais prémios geralmente de carácter discricionário.
Em 2016, a desigualdade entre mulheres e homens atingiu 19,1% no ganho médio mensal.
Se traduzirmos esta diferença em dias, significa que as mulheres trabalharam 70 dias no ano sem remuneração!
Esta desigualdade é ainda mais elevada quando comparamos os ganhos médios de quadros superiores (27,9%), o que indicia uma irrelevância das qualificações (as mulheres constituem a maioria dos quadros licenciados) no combate à desigualdade salarial.
Na base desta situação estão diversos tipos de discriminação, quer relativamente às actividades e profissões que as mulheres desempenham - habitualmente associadas a baixos salários - quer no acesso e ascensão na carreira, discriminações com origem em estereótipos de diversa ordem que são usados pelo patronato para as sujeitar a uma maior exploração.
Não há dados publicados sobre as remunerações na administração pública por sexo.
No entanto, o Eurostat estimava que o diferencial relativo aos ganhos das mulheres na administração pública em Portugal era de 13,6%, em 2015.
Além de terem salários em média mais baixos, as mulheres ocupam com maior frequência postos de trabalho em que apenas se recebe o salário mínimo nacional.
Em Abril de 2016, 32% das mulheres recebiam o salário mínimo nacional, comparativamente com 19,7% de homens.
A subvalorização das competências e qualificações das mulheres, bem como as discriminações indirectas reflectem-se numa retribuição mais baixa ao longo da vida, em prestações de protecção social e pensões de reforma inferiores e em grave risco de pobreza.
A desvalorização do trabalho das mulheres promove a exploração, acentua as desigualdades, degrada as condições de vida das trabalhadoras e das famílias e compromete o desenvolvimento do país.
Ver o documento - Caracterização e dados sobre as desigualdades das mulheres no trabalho